POEMA
DE UMA LENDA ORIENTAL
I
A mãe era uma santa, mas o filho com amigos seguia errado
o trilho.
Sofria tanto a pobre criatura porque o filho vivia vida
impura!
E dizia-lhe: “Filho, sê bonzinho...”
Mas ele: “Já me enfara o teu carinho!”
E saía. E voltava já noite alta.
Chorava a mãe na ausência do peralta.
II
Um dia, uma paixão cruel tirou do moço o raciocínio, e o
desvairou.
Certa mulher lascivamente o olhara...
Com um simples olhar o escravizara!
Confessa-lhe o infeliz o seu amor,
E escuta, mudo, sem nenhum tremor:
“Eu não creio no amor da Humanidade:
A bondade dos homens é a maldade...
“Mas, se rasgar à sua mãe o peito e me trouxer seu
coração perfeito,
“Então, sim, poderei ser toda sua...”
A noite fria tinha um céu sem lua.
III
Contempla a velha mãe no leito puro.
Repousa a santa...O desvairado impuro
Rasga-lhe o seio! E em sua horrenda mão
Traz, inda a palpitar, o coração!
Ei-lo a correr, desabaladamente!
Mas, oh! Tropeça, e cai pesadamente.
E o coração materno, já esmagado,
Diz apenas ao filho desgraçado,
Como flor que murchou e tombou da haste:
“Ai...filho amado...tu...te machucaste?”
- Publicado na “Gazeta de Notícias” em 1935.
http://youtu.be/avPpfQ2lCwI
(Acima, Link com a declamação na voz de Alziro Zarur do Poema de Uma Lenda Oriental, basta clicar no link)
Um comentário:
Diz Alziro Zarur que o amor de mãe é o que mais e aproxima do Amor do Novo Mandamento!
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