sábado, 12 de maio de 2012

Poema de Uma Lenda Oriental





POEMA DE UMA LENDA ORIENTAL

I

A mãe era uma santa, mas o filho com amigos seguia errado o trilho.
Sofria tanto a pobre criatura porque o filho vivia vida impura!
E dizia-lhe: “Filho, sê bonzinho...”
Mas ele: “Já me enfara o teu carinho!”
E saía. E voltava já noite alta.
Chorava a mãe na ausência do peralta.
II

Um dia, uma paixão cruel tirou do moço o raciocínio, e o desvairou.
Certa mulher lascivamente o olhara...
Com um simples olhar o escravizara!
Confessa-lhe o infeliz o seu amor,
E escuta, mudo, sem nenhum tremor:
“Eu não creio no amor da Humanidade:
A bondade dos homens é a maldade...
“Mas, se rasgar à sua mãe o peito e me trouxer seu coração perfeito,
“Então, sim, poderei ser toda sua...”
A noite fria tinha um céu sem lua.

III

Contempla a velha mãe no leito puro.
Repousa a santa...O desvairado impuro
Rasga-lhe o seio! E em sua horrenda mão
Traz, inda a palpitar, o coração!
Ei-lo a correr, desabaladamente!
Mas, oh! Tropeça, e cai pesadamente.
E o coração materno, já esmagado,
Diz apenas ao filho desgraçado,
Como flor que murchou e tombou da haste:
“Ai...filho amado...tu...te machucaste?”

- Publicado na “Gazeta de Notícias” em 1935. 



                                  


http://youtu.be/avPpfQ2lCwI 

 (Acima, Link com a declamação na voz de Alziro Zarur  do Poema de Uma Lenda Oriental, basta clicar no link)

Um comentário:

Sandra disse...

Diz Alziro Zarur que o amor de mãe é o que mais e aproxima do Amor do Novo Mandamento!