sexta-feira, 20 de julho de 2012

Dia do Amigo

POEMA DA AMIZADE
                                                                                                             Alziro Zarur


Eu tenho, neste espírito de velho
Que não compreende a vida em solidão,
Meu particularíssimo Evangelho:
Amizade é a minha religião.

Nem só de feras se compõe o mundo,
Como proclamam todos os egoístas:
Basta verificar o amor profundo
Que transborda nas almas dos altruístas.

Que amizade se mostra é no perigo,
No luto, na ruína e no sofrer:
Porque, afinal, é fácil ser amigo
Nas horas deliciosas de prazer.

Estas não são teorias de um abstêmio,
Mas de homem que enxergou, em plena vida,
A falência do espírito boêmio
Que se compraz na vocação suicida.

Não sei se fui bem claro: o que ajuízo
É que, em geral, artistas orgulhosos -
Prosadores ou poetas geniosos -
Fazem da sociedade um falso juízo.

Na torre de marfim dos seus complexos,
Que eles supõem de superioridade,
Isolam-se de toda a Humanidade,
Evitam dos humildes os amplexos.

Quem pode ser amado sem amar?
O que esses super-homens não entendem
É que, com tanto egoísmo, eles pretendem
A toda a massa humana desprezar.

Não, talentosos luminares e astros
Da vaidade infinita, que me aterra!
Os homens podem, mesmo assim de rastros,
Tentar trazer o paraíso à terra.

Mas é preciso que haja em todos nós
Um pouco de renúncia e de modéstia,
Uma nesga, uma fímbria ou fraca réstia
De  solidariedade em nossa voz.

É urgente que, da torre de marfim
Em que vivem os gênios, ora desçam
À planície e, depois, se compadeçam
Dos pobres "imbecis de triste fim".

Cultivemos, senhores, a amizade
Em suas santas manifestações,
Sentindo as agonias e aflições
Das camadas servis da sociedade!

Por isso eu tenho - espírito de velho
Que não compreende a vida em solidão -
Meu particularíssimo Evangelho:
Amizade é a minha religião



Um comentário:

Sandra disse...

Que saudade amigo Alziro Zarur! E essa saudade se confunde com tua presença espiritual em nossa vida! Vamos todos com Zarur, sem Zarur não vai ninguém! Sandra