Ave Maria
Fagundes
Varela
A noite desce; lentas e tristes,
Cobrem as sombras as serranias;
Calam-se as aves, choram os ventos,
Dizem os gênios: - Ave! Maria!
Na torre estreita de pobre templo
Ressoa o sino da freguesia;
Abrem-se as flores, Vésper desponta,
Cantam os anjos: - Ave! Maria!
No tosco albergue de seus maiores,
Onde só reinam paz e alegria,
Entre os filhinhos o bom colono
Repete as vozes: - Ave! Maria!
E, longe, na velha estrada,
Pára, e saudades à pátria envia,
Romeiro exausto que o céu contempla
E fala aos ermos: - Ave! Maria!
Incerto nauta por feitos mares,
Onde se estende névoa sombria,
Se encosta ao mastro, descobre a fronte,
Reza baixinho: - Ave! Maria!
Nas solenes, sem pão nem água,
Sem pouso e tenda, sem luz nem guia,
Triste mendigo, que as praças busca,
Curva-se e clama: - Ave! Maria!
Só nas alcovas, nas salas dúbias,
Nas longas mesas de longa orgia,
Não diz o ímpio, não diz o avaro,
Não diz o ímpio, não diz o avaro,
Não diz o ingrato: - Ave! Maria!
Ave! Maria! – No céu, na terra!
Luz da aliança! Doce harmonia!
Hora divina! Sublime estância!
2 comentários:
Essa Ave Maria, a meu ver é uma das mais belas que já ouvi... linda, envolvente, nos liga as alturas, muito sublime! Parabéns pela bela publicação!
Muitos, em algum momento, em algum lugar, elevam o pensamento à Virgem Santíssima agradecendo ou pedindo sua proteção. Benção, Mãe!
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